sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Paulo Barros e a Saga de Viradouro no Reino de Moisés

A Imprensa divulgou que foi a Federação Israelita a entidade que se sentiu no direito de ter sido consultada sobre a oportunidade de a Escola de Samba Unidos do Viradouro apresentar uma alegoria alusiva ao chamado holocausto.

E, tendo recorrido à Justiça, obteve desta o veto que mutilou o conjunto criado por um artista.

Foi uma lamentável atitude cuja arrogância só foi aceita e facilmente compreendida por dois motivos principais:

O brasileiro é um povo que, historicamente, se submete e a influência judaica é incontestavelmente forte.

Com freqüência pesquiso e cada vez mais me surpreendo com o horror do chamado holocausto. Em bancos de dados de imagem, a nível mundial, é possível acessar fotos desse monstruoso evento e é impossível não se surpreender.

Todas as pessoas, no mundo inteiro, que viessem a assistir o desfile principal das escolas de samba do Rio de Janeiro, ao ver passar a Viradouro, se surpreenderiam com aquela alegoria. Garanto que não se arrepiariam apenas, como sugeria o enredo; mas sentiriam seus corações apertados. Talvez, quem estivesse cantando, até parasse um pouco. Arrisco a possibilidade de comentários posteriores em família. Comentários que certamente seriam de simpatia para com o povo que teve por destino viver aquele sacrifício, agora lembrado.

Ao cercear o direito do artista mostrar sua obra, A Federação Israelita prestou um desserviço à causa da divulgação do morticínio de judeus, praticado na Alemanha de Adolf Hitler. Trata-se de assunto que não deve ser escondido nem esquecido.

Tratou-se, portanto, de uma querela equivocada que, de um lado entristeceu um artista e humilhou uma comunidade, além de me ter negado o direito de assistir ao desfile, completo, conforme idealizado por seus legítimos autores, e de outro gerou resultados positivos apenas na aparência para uma entidade que em seu próprio nome ostenta sua origem estrangeira, visto que Israel não é Brasil.

É claro que cada assunto pode ser visto por ângulos diversos. No caso em questão, há razões políticas e históricas antigas e razões práticas atuais. Um caso desses não se esgota apenas com o protesto de uma entidade e uma sentença judicial.

Consola saber que tais iniciativas são obra de sectários intransigentes que, infelizmente, há em qualquer povo. O que se lamenta é que atitudes assim podem fazer com que se passe a crer que ‘os judeus são maus’, ‘os judeus são fortes’, os judeus podem proibir’, ‘os judeus são poderosos’ e outras mitificações que ao longo da história surgiram e não fizeram nenhum bem.

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