JK foi executivo da Edec, uma das maiores empresas de Portugal. Acima, ele assina mais um contrato de engenharia. Um deles foi o das obras do Autódromo de Estoril |
dimentos”, propôs. O governo de Salazar já tinha negado um visto de permanência ao ex-presidente. Exigiam que ele tivesse um trabalho fixo, com carteira assinada. Na ocasião, Fernanda era dona de 12 empresas, com 3 mil empregados. “Então eu lhe ofereci minha cadeira de presidente da construtora”, relata. JK aceitou de pronto. “Ele não podia ficar parado, precisava trabalhar para viver.” Fernanda testemunhou os problemas financeiros de JK. “O dinheiro que recebia como executivo dava para viver bem em Lisboa, mas não para fazer política no exílio”, prossegue. “Ele precisava estar sempre viajando para encontros da oposição em Paris ou Nova York.” Ela chegou a avalizar um empréstimo bancário que JK tomou para montar sua casa em Lisboa – essa era uma de suas pendências quando morreu. Tam-
bém viu quando o ex-presidente tomou por duas vezes empréstimos com o empresário brasileiro Sebastião Paes de Almeida, ex-ministro da Fazenda em seu governo. “Juscelino contraiu dívidas porque ficou em Portugal mais tempo do que pretendia”, justifica a empresária. Outro lado pouco conhecido do presidente é o de executivo de negócios. Entre outubro de 1966 e março de 1969, JK tocou a construção de um conjunto habitacional em Lisboa, o bairro de Odivelas, com 8 mil apartamentos. Também construiu um grande complexo turístico na ilha da Madeira. Por fim, participou das negociações para a construção do autódromo de Estoril, outra propriedade de Fernanda. Dinâmico e carismático, conversava com os peões e cobrava resultados. Fernanda mantinha cinco executivos em volta de JK. “Ele era um grande empreendedor, gostava de visitar as obras, mas foi uma negação como administrador”, revela a empresária. “Ele teve dificuldades de negociar bons contratos.” E prossegue: “Eu o vi chorar muitas vezes, angustiado para voltar ao Brasil e enfrentar os militares. Mas um dia ele deixou tudo para trás e voltou ao para seu País para lutar pela democracia. Pediu sua demissão por carta, enviada de Nova York”. Quando Juscelino morreu, era Fernanda quem amargava o exílio no Rio de Janeiro, perseguida pela Revolução dos Cravos. Na ocasião, ela era confidente tanto de JK quanto da esposa Sara Kubitschek, sua amiga desde 1953. “Sara sofria muito com o romance do marido com outra mulher”, revela. E Juscelino? “Ora, morreu amargurado, querendo voltar à política.”
Fonte:http://www.terra.com.br/istoedinheiro/336/economia/336_lado%20empresarial_jk_02.htm
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